O Ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Mito Albino, defendeu hoje, 20, na cidade da Beira, o desenvolvimento da cadeia de valor da aquacultura como negócio, de modo a assegurar que esta actividade contribua de forma estratégica para a agenda do Governo de alimentar Moçambique e garantir a segurança alimentar e nutricional dos moçambicanos.
Falando na abertura da reunião nacional de aquacultura, que decorre sob o lema “ Por uma aquacultura desenvolvida e sustentável: Histórias de Sucesso, Desafios e Oportunidades ”, o ministro sublinhou que o país precisa de transformar a aquacultura numa actividade comercial robusta e devidamente estruturada.
Para tal, destacou a necessidade de investimentos ao longo de toda a cadeia de valor, abrangendo a melhoria dos tanques piscícolas, qualidade da água, produção de alevinos, disponibilidade de ração a preços acessíveis, observância das normas sanitárias, maneio, colheita e processamento. Segundo o governante, esta transformação exige reformas capazes de promover a reestruturação profunda do subsector.
“ Temos muitas partes a faltar. Temos que entrar em qualquer loja de insumos agrícolas e encontrar lá o que precisamos, sem precisar de fazer ginástica ”, afirmou.
Roberto Albino enfatizou igualmente a importância da assistência técnica especializada, defendendo a criação de uma rede nacional de extensionistas dedicados exclusivamente à aquacultura. Para isso, apelou à formação contínua, à capacitação técnica e à troca de experiências internacionais, de forma a garantir que estes profissionais estejam à altura de transferir conhecimentos adequados aos piscicultores.
No seu discurso, destacou ainda que a aquacultura deve assumir-se como fonte acessível de proteína animal para os moçambicanos.
“ A aquacultura deve ser a fonte da proteína mais barata para o nosso povo. Não há dúvida de que, se fizermos a aquacultura de forma comercial, reduzindo os custos da ração e adoptando técnicas apropriadas, podemos extrair desta actividade a proteína animal que o país necessita” , realçou.
O dirigente revelou que o potencial produtivo do país neste sector é estimado em cerca de quatro milhões de toneladas por ano, metade proveniente das águas interiores e a outra metade das águas marinhas. Contudo, sublinhou que a produção actual está ainda muito aquém das potencialidades existentes.
No tocante ao camarão de aquacultura, recordou que a produção industrial atingiu cerca de 670 toneladas em 2010, antes de registar um declínio acentuado até 2022, devido ao surto da doença da mancha branca, situando-se então nas 190 toneladas.
Quanto ao peixe de água doce, a produção artesanal e de pequena escala tem registado crescimento significativo, passando de cerca de 260 toneladas em 2010 para perto de 2.700 toneladas em 2022.
O Ministro reiterou que a agenda do Governo é combater a fome e a desnutrição, através do aumento da produção e produtividade, bem como da melhoria da dieta alimentar da população, especialmente no que respeita ao consumo de pescado. Neste contexto, afirmou que o Programa de Aceleração da Produção Pesqueira poderá dar um contributo substancial para o alcance destas metas nacionais.

